"Baixaria" na eleição 2004 : o "bicho" tá pegando

Pra você que não assina o Diário do Noroeste ou que não tem acesso via Internet a esse jornal, publicamos abaixo , matéria do jornalista Benedito Praxedes Junior que está na edição de hoje (15/03).

PARANAVAÍ/2004 - Relatório da PF identifica autores de jornal apócrifo de eleição municipal

Relatório do delegado da Polícia Federal de Maringá, Ricardo Assaf, datado de 20 de fevereiro deste ano, identifica como autores de jornal apócrifo distribuído durante a campanha das eleições municipais de 2004 em Paranavaí, Antonio Senival da Silva, ligado à Revista Informatur, e Hélcio José Gelbeck, marqueteiro que atuou na campanha do então candidato a prefeito Rogério Lorenzetti.

O jornal apócrifo trazia uma série de certidões, em que eram apontadas pendências judiciais de Mauricio Yamakawa e Rubens Felippe, também candidatos a prefeito e vice no mesmo pleito.

O delegado informa que a pedido do advogado das vítimas, Marcos Antonio Solera foram expedidos e cumpridos os mandados de busca e apreensão em três empresas de Curitiba para comprovar a origem do material apócrifo.

A PF encontrou arquivos que ligavam seus proprietários às infrações cometidas.

Ficou confirmado também que Antonio Senival foi o remetente, via aérea, do material e que Gelbeck, foi o destinatário.

Indicados como suspeitos de participação pelo atual prefeito Mauricio Yamakawa, na elaboração e distribuição do material ofensivo, o advogado Ary Bracarense Costa e a secretária do escritório do PMDB, Greici Mary do Prado, admitiram que tiveram contato com o material, mas que ele teria sido entregue a um dirigente partidário.

O candidato Rogério Lorenzetti, em depoimento, negou qualquer participação no caso.

No entanto, afirmou que Gelbeck era responsável pela publicidade de sua campanha eleitoral.

O jornalista Jorge Roberto Pereira da Silva, também ouvido pela PF, informou que trabalhou na campanha de Lorenzetti e era responsável por requerer diversas certidões negativas de Mauricio Yamakawa, que seriam utilizadas para comprovar que este candidato possuía inúmeras pendências judiciais.

A PF tentou, sem sucesso, ouvir o dirigente partidário Lauro Machado e o jornalista que assinou o material, Airton Gonçalves.

O advogado Marcos Solera informou que o relatório será encaminhado ao Ministério Público, para que este avalie a possibilidade ou não de apresentar denúncia contra os envolvidos.

* Nota do JP - A divulgação desse jornal apócrifo foi um dos episódios mais sujos da política de Paranavaí, em todos os tempos. Isso aconteceu num momento em que as pesquisas indicavam que o candidato a prefeito M.Y. tinha cerca de 20% de vantagem sobre o seu principal adversário, Rogério Lorenzetti. A diferença era enorme e os marqueteiros do Rogério ficaram desesperados e - segundo apurou a PF - praticaram essa "baixaria" , que quase levou o então candidato M.Y. à derrota. A diferença de votos, no final das apurações, foi de 2.008 em favor de M.Y. - Maurício teve 23.382 votos e Rogério 21.374. O povo deveria abominar ações dessa natureza. Ao contrário, parece que a população é receptiva à "baixaria", aceita esse tipo de coisa e é influenciada por essa covardia. Vocês se lembram daqueles que desceram o cacete no rei Pelé quando ele disse que "o brasileiro não sabe votar" ? O Pelé estava quase certo. A grande maioria não sabe mesmo, pois quem se deixa influenciar por "baixarias", não sabe diferenciar o certo do errado.Tomara que na eleição deste ano, os políticos ajam de forma diferente, respeitando a lei e as pessoas. Aqui no Brasil, a cada dia que passa, fica mais difícil burlar a lei, e essa operação da Polícia Federal, que durou um longo tempo - cerca de 3 anos - e ainda não chegou ao final, serve pra mostrar aos "espertinhos" que se "eles bobearem, a casa cai".